terça-feira, 7 de junho de 2011

Exercício


O QUE É SOCIOLOGIA
Anthony  Giddens escreveu certa vez que “a objeção que os membros leigos da sociedade frequentemente fazem aos postulados da sociologia é (...) que seus achados não lhes dizem nada além do que já sabem – ou, o que é pior, veste com linguagem técnica o que é perfeitamente familiar na terminologia de todos os dias”. Em outras palavras, aqueles que criticam a sociologia, segundo Giddens, muitas vezes dizem que ela trata do que todo mundo sabe em uma linguagem que ninguém entende. Por que se diz que a sociologia trata do que todo mundo sabe?
A sociologia se debruça sobre fenômenos sociais que nos afetam em nosso dia a dia. Esses fenômenos muitas vezes nos provocam indagações. Por que a vida em sociedade é como é? Por que uns tem tanto e outros tão pouco?  Por que obedecemos ou contestamos? Por que as pessoas se unem ou se tornam rivais? O que nos é proibido e o que nos é imposto como obrigação? Por que os governos se organizam de uma forma e não de outra? Essas e outras questões nos intrigam, mesmo que não falemos delas refletidamente. Quando por exemplo, simplesmente “trocamos umas idéias “com um amigo ou colega, somos capazes de expressar nossa opinião sobre qualquer um desses temas. Portanto, nos fazemos as mesmas perguntas que a sociologia faz e identificamos os problemas nelas envolvidos. Nesse sentido, sabemos aquilo de que a sociologia trata. Mas será que a sociologia usa mesmo uma linguagem que ninguém entende?
Sem duvida, a  sociologia trata de questões que reconhecemos, mas com uma linguagem própria, diferente daquela que estamos acostumados a usar na vida cotidiana. ela emprega uma maneira de falar e de escrever distinta de que utilizamos para emitir nossas opiniões pessoais. É que a sociologia se expressa por meio de conceitos, ou seja, noções formuladas de modo deliberado e preciso, e não por meio de noções do senso comum, ou seja, idéias recebidas e comumente admitidas como verdades.
Antes que fique muito complicado, vamos logo ao ponto principal: a sociologia nos ajuda a refletir sobre as certezas que temos, põe sob observação nossas opiniões mais arraigadas. É um campo do conhecimento que modifica nossa percepção sobre o que vivemos em nossa rotina e assim contribui para alterar a maneira de vermos nossa própria vida e o mundo que nos cerca. Voltando à critica mencionada por Giddens, podemos concordar com a primeira parte, contanto que o final seja modificado: a  sociologia trata daquilo que já sabemos de uma maneira que não conhecíamos antes.
Há outro autor, chamado  Peter Berger, que torna isso ainda mais claro ao descrever o trabalho do sociólogo: “A maior parte do tempo, o sociólogo aborda aspectos da experiência que lhe são perfeitamente familiares, assim como a maioria dos seus compatriotas e contemporâneos. Estudam grupos, instituições, atividades de que os jornais falam  todos os dias. Mas as suas investigações comportam outro tipo de paixão da descoberta. Não é  a emoção  da descoberta de uma realidade totalmente desconhecida, mas a de ver uma realidade totalmente desconhecida, mas a de ver uma realidade familiar  mudar de significação aos nossos olhos. A sedução da sociologia provem de ela nos fazer ver sob outra luz do mundo da vida quotidiana no qual todos vivemos”.
UMA CIÊNCIA JOVEM
Outra informação importante em  uma apresentação da sociologia é que o tipo de conhecimento que ela propõe nem sempre esteve disponível. Devemos ter em mente que tempo e espaço, juntos, fornecem o roteiro e o mapa de que precisamos para iniciar nossa “aventura sociológica”.
A  sociologia – ou a ciência da sociedade – nasceu na segunda metade do século XIX. Por que só então, se já havia vida em sociedade desde tempos remotos e se muitos dos problemas que a humanidade enfrenta até hoje nos acompanham de longa data? Relações de grupo, formação de instituições, exercício do poder, manifestações e experiências culturais, tudo isso é coisa antiga, mas a sociologia é uma ciência bastante jovem. Por que essa defasagem?
O tempo histórico que permitiu o nascimento da sociologia foi o que sucedeu às duas grandes revoluções ocorridas no século XVIII, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, cujos desdobramentos alteraram profundamente a vida de  homens, mulheres, jovens, crianças e idosos. Essas mudanças provocaram expectativas e incertezas: o que era considerado certo foi caindo em descrédito, o que se julgava valido foi posto em questão. Os valores que orientavam a conduta das pessoas foram perdendo gradativamente seu sentido, sem que houvesse acordo sobre os novos valores que regeriam a vida em sociedade dali em diante. Em momentos como esses, as dificuldades e inseguranças de pessoas, grupos e instituições ficam expostas.
Todos sabemos que as cidades não são criações recentes, mas é inegável que ao longo do tempo a vida urbana se modificou. O contexto da cidade moderna sem duvida contribuiu para o surgimento de uma reflexão sociológica.
Os primeiros observadores do mundo social trataram em suas análises de um conjunto razoável homogêneo de questões sociais. Mas, se todos enxergaram os mesmos problemas, reagiram a eles de maneiras diferentes e os analisaram a partir de ângulos distintos. A sociologia nasceu, assim, das reações peculiares que os  pensadores e observadores do mundo social tiveram  diante das mesmas questões. Isso significa que a sociologia é um campo fértil de respostas diferentes a uma pergunta comum: como a vida em sociedade é possível?
ROTEIRO DE VIAGEM
Você esta convidado a percorrer conosco tempos e lugares distantes. Pretendemos provocar em você o que outro grande sociólogo, o norte-americano Charles Wright Mills, chamou de “imaginação sociológica”. O que significa isso? Significa “uma qualidade de espírito que [nos] ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber[mos], com lucidez, o que esta ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro [de nós] mesmos”.em outras palavras, significa a capacidade de criarmos conexões entre nossa vida pessoal ou nossa biografia e a sociedade mais ampla e sua historia.
Uma das qualidades mais finas do “pensar sociológico”é precisar as noções que temos a respeito do que nos rodei. E nada melhor para nos ajudar nessa tarefa do que conhecer as muitas manifestações da vida e as múltiplas reações que elas despertam  nos homens e mulheres que se dedicaram a compreendê-las. Viajemos um pouco. Voltemos no tempo e nos mapas com gosto da aventura. Boa viagem e bom proveito!
EXERCÍCIO
  1. O Renascimento, a invenção da imprensa, a Revolução Cientifica e a expansão marítima foram fatos que marcaram o inicio dos “tempos modernos”e anunciaram uma importante mudança de mentalidade na Europa Ocidental. Explique essa mudança.
  2. O que significa dizer que a sociedade feudal era estamental?
  3.  O Iluminismo foi um movimento cultural que difundiu a convicção de que a razão e a ciência deveria ser a base para a compreensão do mundo. Explique por que a confiança na razão desembocou em Revoluções como a Americana e a Francesa.
  4. Dissemos que a Revolução Industrial  foi um marco importante na alteração das concepções sobre a vida em sociedade. Explique com suas palavras como ela contribuiu para a formação do mundo moderno.
  5. A sociologia é fruto da modernidade e nasceu com o objetivo de interpretá-la. Explique.
ENEM
1.       (Enem, 1999)
Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além  dos planetas principais, há outros de segunda ordem  que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com este em redor do Sol(...) Não duvido que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.    
N. Copérnico. De revolutionibus orbium caelestium
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas.
Leonardo da Vinci. Carnets
O  aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é:
(a)    A fé como guia das descobertas.
(b)   O senso crítico para se chegar a Deus.
(c)    A limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
(d)   A importância da experiência e da observação.
(e)   O principio da autoridade e da tradição.
2.       (Enem, 2001) O texto foi extraído da peça Tróilo e Cressida de Willian Shakespeare, escrita provavelmente em 1601.
Os próprios céus, os planetas, e este centro reconhecem graus, classe, constância, marcha, distância, estação,  forma.
Função e regularidade, sempre iguais;
Eis por que o glorioso astro Sol
Está em nobre eminência entronizado e centralizado no meio dos outros, e o seu olhar benfazejo corrige os maus aspectos dos planetas malfazejos, e, qual rei que comanda, ordena sem entraves aos bons e aos maus.
                              (Personagem Ulysses, AtoI, cena III) W. Shakespeare. Tróilo e Créssilda.
A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se aproxima da teoria
(a)    Geocêntrica do grego Cláudio Ptolomeu.
(b)   Da reflexão da luz do árabe Alhazen.
(c)    Heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico.
(d)   Da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei
(e)   Da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
3.       (Enem, 2002) Considera o papel da técnica no desenvolvimento da constituição de sociedades e três invenções tecnológicas que marcaram esse processo: invenção do arco e flecha nas civilizações primitivas, locomotiva nas civilizações do século XIX e televisão nas civilizações modernas. A  respeito dessas invenções são feitas as seguintes afirmações.
I.                    A primeira ampliou a capacidade de ação dos braços, provocando mudanças na forma de organização social e na utilização de fontes de alimentação.
II.                  A segunda tornou mais eficiente o sistema de transporte, ampliando possibilidades de locomoção e provocando mudanças na visão de espaço e de tempo.
III.                A terceira possibilitou um novo tipo de lazer que, envolvendo apenas a participação passiva do ser humano, não provocou mudanças na sua forma de conceber o mundo.
Está correto o que se afirma em:
(a)    I, apenas
(b)   I e II, apenas.
(c)    I e III, apenas.
(d)   II e III, apenas.
(e)   I, II e III.
4.       (Enem, 2004) Algumas transformações que antecederam a Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de significado da palavra “restaurante”. Desde o final da Idade Média, a palavra restaurant designava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se  vendiam esses caldos, usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos restaurateurs, que serviam pratos requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em mesas coletivas e malcuidadas, mas individuais e com toalhas limpas.
Com a Revoluçao, cozinheiros da Corte e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra:
(a)    A ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da nobreza.
(b)   A apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos populares e dos valores da nobreza.
(c)    A incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da visão de mundo da burguesia.
(d)   A consolidação das praticas coletivas e dos ideais revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média.
A institucionalização, pela nobreza, de praticas coletivas e de uma visão de mundo igualitário. 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Loja de Deus

http://youtu.be/625QK29cS3E
Curta-metragem "O jumento santo e a cidade que acabou antes de começar" (diretores Leo D. e William Paiva)
Quando Deus resolveu criar o mundo, as coisas acabaram não saindo como o planejado. O sertão nunca mais foi o mesmo depois que o jumento Limoeiro foi à Terra dar um jeito na humanidade, que havia sucumbido à tentação do capeta e colocado o mundo em desordem. Animação com xilogravuras de elementos da arte popular pernambucana, que até então só existiam inanimadas na cultura do cordel.

Questionamento: Quem põe ordem no mundo?Hoje em dia não predomina a visão religiosa, e sim o entendimento de que os homens são os responsáveis pela sociedade, por sua ordem e desordem. Em sua opinião, que desafios essa mudança de perspectiva trouxe para os homens?

A  LOJA  DE  DEUS  

 

          

Entrei e vi um anjo no balcão. Maravilhado, eu lhe disse:
"Santo Anjo do Senhor, o que vendes?
Ele me respondeu: "Todos os dons de Deus".
Perguntei: "Custa muito?"
Respondeu-me: "Não, tudo é de graça".
Contemplei a loja e vi jarros com compaixão, vidros com fé,
Pacotes com esperança, caixinhas com salvação,
Potes com sabedoria...
Tomei coragem e pedi:
"Por favor, Santo Anjo, quero muito amor,
Todo o perdão, um vidro de fé, bastante felicidade
E salvação eterna para mim e minha família também.
Então o Anjo do Senhor preparou um pequeno embrulho,
Tão pequeno que cabia na palma da minha mão.
Maravilhado mais uma vez, eu lhe disse:
"É possível tudo estar aqui?"
O Anjo me respondeu sorrindo:
"Meu querido irmão, na Loja de Deus não vendemos frutos.
Apenas sementes".    

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sociologia

Sociologia: propiciar a compreensão de origem histórica e da constituição do conhecimento na Sociologia. Demonstrar a existência de diferentes visões da sociedade, quer numa perspectiva mais crítica, quer do ponto de vista conservador.